Oportunidade reuniu várias lideranças da Bacia do Rio Doce e abordou temas de grande preocupação no território.
Indenizações, impactos ambientais e participação social foram os principais temas discutidos em uma reunião entre articuladores regionais das comissões de atingidos pelo rompimento de Mariana e Instituições de Justiça. O encontro aconteceu de forma virtual nesta quinta-feira (13/03) e também abordou a organização da caravana interministerial, prevista para ocorrer entre os dias 24 e 28 de março.
Representantes dos territórios de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Chopotó participaram da reunião e levantaram preocupações sobre os processos de indenização e a recuperação ambiental da região.
Críticas ao Programa Indenizatório Definitivo
A abertura do Programa Indenizatório Definitivo (PID), anunciada pela Samarco no final de fevereiro, foi um dos pontos mais criticados. José Márcio Lazzarini, atingido de Rio Doce e membro da Comissão de Atingidos(as), afirmou que muitas pessoas não têm informações suficientes sobre outras opções de indenização, como o Programa de Indenização Mediada (PIM) e o Auxílio Financeiro Emergencial (AFE).
Segundo ele, essa falta de clareza pode levar a adesões precipitadas ao PID, que oferece um valor limitado a R$ 35 mil, sem considerar outros direitos.
Exclusão na participação social
Maria da Penha Rocha, atingida da Comunidade Porto Plácido e integrante da Comissão de Atingidos(as) de Santa Cruz do Escalvado e Chopotó, cobrou a instalação do Conselho Federal de Participação. Ela destacou que o governo federal ainda não respondeu sobre a ampliação do número de representantes dos atingidos e afirmou que a caravana interministerial não deveria acontecer antes dessa definição.
Preocupação com impactos ambientais
Outro assunto discutido foi a presença de rejeitos de minério na Usina Hidrelétrica (UHE) Risoleta Neves, conhecida como Candonga. Marcos Antônio Martins, também membro da Comissão de Atingidos(as), alertou sobre os riscos ambientais e cobrou a entrega do Plano de Recuperação Ambiental, que deveria ter sido apresentado pela Samarco até o dia 6 de março, mas teve seu prazo prorrogado por mais 120 dias.
Caravana interministerial sob questionamento
A caravana interministerial também gerou questionamentos. Os atingidos criticaram a falta de respostas do governo federal sobre temas considerados essenciais antes do evento e pediram um diálogo mais aberto e inclusivo para garantir que suas demandas sejam atendidas.
Texto: Mariana Duarte (Comunicação Centro Rosa Fortini)