Retorno operacional: Estudo aponta necessidade de reforço em nove blocos da barragem da UHE Candonga

Publicado em: 19/03/2020

As obras de manejo do rejeito do lago da UHE Risoleta Neves trouxeram transtornos para moradores, novos danos ambientais.

Atendendo a Decisão da 12ª Vara Federal de Justiça, referente ao Eixo 5 – Retorno Operacional da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), a Fundação Renova apresentou, recentemente, os estudos de estabilidade da barragem da UHE Risoleta Neves (Candonga), realizados por quatro empresas, desde 2016.

Também em resposta à Decisão Judicial, as mineradoras (Samarco, Vale e BHP) informaram que os resultados dos últimos estudos de estabilidade da barragem recomendam obras de reforço em nove blocos para o retorno operacional da UHE. A dragagem será constantemente realizada como forma de manutenção do volume de rejeito a fim de preservar os índices de segurança. No entanto, as mineradoras ainda afirmam que todos os blocos estão em condições de suportar níveis de rejeito superiores, pensando-se em situações excepcionais.

Para obras de reforço dos nove blocos, será necessária a realização de novas sondagens em uma das galerias da UHE. Espera-se que este trabalho seja concluído em até 120 (cento e vinte) dias, contados da data de autorização pelo Consórcio Candonga. Os estudos então serão revisados e complementados com base nas informações obtidas a partir das sondagens.

Resumo dos estudos já realizados

De acordo com o relatório da Renova, após a chegada do rejeito (5/11/2015), o primeiro estudo ocorreu em maio de 2016 pela empresa Geoprojetos Engenharia. A mesma recomendou a retirada parcial de rejeito para manter os coeficientes de segurança da barragem da UHE.

Em outubro de 2016, a empresa Gana- Consultoria e Serviços de Engenharia confirmou os resultados da Geoprojetos Engenharia, no entanto estudos referentes à estabilidade do bloco 2 (margem direita da barragem) demonstraram a necessidade de reforço com enchimento de concreto e ancoragens na rocha. Também foram realizados outros tipos de análises que comprovaram a segurança de quatro blocos da barragem (bloco 2, tomada d’água e casa de força, vertedouros e bloco 4).

Visando o retorno operacional da UHE Risoleta Neves (Candonga), em 2018, a Renova contratou a empresa Spec Planejamento, Engenharia, Consultoria Ltda. e em 2019, a Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda., que passaram a realizar novos estudos de estabilidade de todos os blocos da barragem.

Dividindo os novos estudos em seis etapas, as empresas iniciaram utilizando os dados já levantados em 2016. Os primeiros resultados indicaram situação de risco para diversos blocos. Estas últimas empresas contratadas pela Renova, procuram localizar as memórias de cálculo de estabilidade de blocos da UHE, do projeto executivo elaborados na época da construção da hidrelétrica. Tais informações não foram obtidas.

Na segunda etapa, foram realizados novos estudos geológicos-geotécnicos, inclusive com coleta de rejeito à montante da barragem para definição da massa (peso e volume). Na terceira etapa, foi realizada análise específica do bloco 1, revelado como o menos seguro nas análises da primeira etapa do estudo.  Na quarta etapa, todos os blocos da barragem foram reavaliados, indicando a necessidade de reforçar nove deles.

A quinta etapa foi a definição dos tipos de reforço por bloco. E a sexta e última etapa do estudo, foram recalculados os níveis de sedimentos máximos possíveis para todos os blocos, nas condições de carregamento normal e excepcional.

Um volume muito pequeno de rejeito foi retirado dos 400 metros mais próximos da barragem. De acordo com a Renova, o rompimento deixou acumulado no lago um volume de 10 milhões de m3 de rejeito. Este volume é quase o que estava na barragem de Brumadinho (12, 6 milhões de m3)


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